A Legitimação e a Interdição da Política Literária em Carolina Maria de Jesus: Pode Uma Mulher Negra Ser Autor?
Palavras-chave:
Escrita, Autoria, Literatura.Resumo
A partir dos fundamentos da Análise do Discurso francesa, construída por Michel Pêcheux, este artigo pretende analisar o funcionamento da política literária que legitima e/ou interdita a escrita de certas autoras de literatura, nesse caso, destaca-se a escrita de Carolina Maria de Jesus que deve ser reconhecida como resistência de mulher, negra, pobre, favelada, semialfabetizada que, a partir de suas obras discursiviza sobre a infância de “menina atrevida” que questionava os adultos; na vida adulta, a “mulher exibida” que escreve. Deste modo, o objetivo desse trabalho é investigar o modo como a política literária funciona legitimando e/ou interditando a escrita dessa escritora, em especial, em relação a sua primeira obra, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960, em relação a aceitação (ou não) dos críticos, suscitando os seguintes questionamentos: quem tem o direito a ser autor de literatura? A literatura de autoria de mulheres negras é discutida e reconhecida na escola? Se o discurso é poder, logo, a escrita de Carolina é um ato político (FREIRE, 2018), já que rompe com uma formação imaginária de autor (branco, classe média, com alto grau de letramento, intelectual e gramaticalizado) portanto, a escola tem o papel de levar para dentro da sala de aula a discussão sobre a legitimação e a interdição da política literária que funciona impedindo (ou não) a circulação das literaturas, nesse caso, a de autoria de mulheres negras, visto que a autorização do dizer, por sua vez da escrita e da posição sujeito-autor, implicam questões sócio-histórico-ideológicas em que político afeta o campo da literatura.Referências
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2019-12-20
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Fluxo contínuo