UM TROPEL DE FANTASMAGORIAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O IMAGINÁRIO MACABRO E A MODERNIDADE NA PÓTICA DAS BALADAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO

Autores

  • Fabiano Rodrigo da Silva Santos Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP de Araraquara

Palavras-chave:

Literatura Brasileira, Imaginário folclórico, Balada, Fantástico, Romantismo, Modernidade

Resumo

O propósito desse ensaio é uma consideração sobre os mecanismos que ancoram as baladas fantásticas do Romantismo brasileiro nos postulados da estética romântica e da Modernidade. Para isso, é feita uma breve análise das ligações entre o imaginário romântico, a categoria do fantástico e as fontes onde o Romantismo buscou inspiração – em especial, o imaginário medieval. A balada medieval ao seraclimatadas ao Romantismo demonstra uma série de particularidades que atestam a leitura dosleitmotivs desse gênero sob o prisma da estética moderna. Duas baladas românticas brasileiras, “Meu sonho”, de Álvares de Azevedo e “Galope infernal”, de Bernardo Guimarães, apresentam a perfeita adequação da balada tradicional à estética moderna, transformando os signos fantásticos e macabros típicos desse gênero em alegorias da subjetividade tumultuada, marcas das experiências artísticas que caracterizam o Romantismo, tais como o hibridismo entre gêneros (o lírico encontra-se com o narrativo e o dramático na estrutura das baladas), a ironia e a subversão da tradição clássica (manifestado na referência direta à cultura popular). Desse modo, as baladas podem ser lidas como gênero propício à observação doselementos modernos que se insinuam no Romantismo; fenômeno que, como comprovam a obra de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães, também é perceptível na literatura brasileira.

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